sábado, 9 de outubro de 2021

Você passa eu acho graça: letra — Música de Clara Nunes


Quis você pra meu amor

E você não entendeu,

Quis fazer você a flor

De um jardim somente meu;

Quis lhe dar toda ternura 

Que havia dentro em mim,

Você foi a criatura que me fez tão triste assim!


Ah, e agora você passa, eu acho graça;

Nessa vida tudo passa, e você também passou!

Entre as flores, você era a mais bela,

Minha rosa amarela que desfolhou, perdeu a cor!


Tanta volta o mundo dá,

Nesse mundo eu já rodei;

Voltei ao mesmo lugar

Onde um dia eu encontrei 

Minha musa, minha lira, minha doce inspiração!

Seu amor foi a mentira 

Que quebrou meu violão.


E agora você passa, eu acho graça;

Nessa vida tudo passa,

E você também passou!

Entre as flores, você era a mais bela,

Minha rosa amarela que desfolhou, perdeu a cor!


Seu jogo é carta marcada, 

Me enganei, não sei por quê;

Sem saber que eu era nada,

Fiz meu tudo de você!

Pra você fui aventura,

Você foi minha ilusão;

Nosso amor foi uma jura

Que morreu sem oração!


E agora você passa, eu acho graça;

Nessa vida tudo passa

E você também passou!

Entre as flores, você era a mais bela,

Minha rosa amarela que desfolhou, perdeu a cor!


(Clara Nunes — Autores: Ataulfo Alves/Carlos Imperial)

Disco: "Você passa eu acho graça" — 1968 — Odeon — MOFB 3557.

Foto: Internet. 

domingo, 15 de agosto de 2021

Você não é como as flores: letra — Música de Clara Nunes


Foi você que foi embora,

Foi você que não me quis;

Como é que vem agora

Me dizer que é infeliz? 




Nosso amor foi sementeira 

Que plantei e não vingou;

Não vou acender fogueira

Na fogueira que apagou.


Ai, ai, vai, vai, me deixa em paz!

A madrugada que passou 

Não volta mais!


Sigo só neste caminho 

Que foi feito para nós;

Sou feliz sem seu carinho,

Sem ouvir a sua voz.


Falo meu ditado certo 

Que foi feito para mim:

Flor que nasce no deserto 

Não floresce no jardim. 


Ai, ai,  vai, vai, me deixa em paz!

A madrugada que passou 

Não volta mais!


Você não é como as flores,

Não tem o perfume delas:

Lírio, cravo, dois amores,

Lindas rosas amarelas!

Mesmo eu sendo jardineiro,

Flor mulher não tem perdão;

Não existe mais canteiro 

Dentro do meu coração!


Vai  vai, me deixa em paz!

A madrugada que passou

Não volta mais!


(Clara Nunes — Autores: Ataulfo Alves/Carlos Imperial)

Disco: "Você passa eu acho graça" — 1968 — Odeon — MOFB 3557.

Foto: Internet. 

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Visão geral: letra — Música de Clara Nunes


Ah!... Esse grito raro 

É feito o Sol, tão claro,

É um farol guiado,

É um mito afugentado,

É uma voz potente,

O amor intransigente!


Diga no meu ouvido

O tempo escondido 

Que há tanto consente,

Um canto esquecido,

E digo, de bom grado,

O som tão esperado:

É o amor do amigo,

O amor desesperado.


Se chegado, vale a pena

A mão que hoje acena 

Ficará comigo a luz do amor, serena.

Se a vida reta empena,

Leva a nossa meta:

Acima, o poeta;

Abaixo, o profeta.


A rosa, a prosa, a bela

Vem na primavera,

E o jornal da tela noticia a guerra.

E uma cor que morre 

É uma dor que corre,

Um farol que se apaga;

É um grito que se cala. (Bis)


A noite vira dia no claro da luta;

Veja se me escuta,

Olha sua rua,

Que a verdade nua e crua

Um dia vai chegar,

E essa noite será noite em qualquer luar,

E esse mundo será mundo em qualquer lugar. 


(Clara Nunes — Autores: César Costa Filho/Ronaldo Monteiro/Ruy Maurity)

Disco: "Clara Clarice Clara" — 1972

Odeon — MOFB 3709.

Foto: Internet.

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Viola de Penedo: letra — Música de Clara Nunes


Lingo, lingo, lingo, lingo,

A viola de Penedo toca ponteado;

Bongo, bongo, bongo, bongo,

É zabumba a noite toda no coco rodado.


Zeca Tomé, de Porto Calvo, num coco em Jaboatão,

Fez todo mundo dar risada:

Na primeira umbigada que levou,

Sentou no chão.


Coco que tem mulé bonita,

A noite passa, e ninguém sente:

Entrou na roda, fica preso;

Tudo que é home aceso dando umbigada na gente.


A fazer coisa que eu num gosto,

Prefiro ir presa e passar fome;

Morro dizendo que num quero,

Num aceito,  num tolero 

Dança de home com home.


Cabra inxirido eu dou cachaça 

E finjo que bebo com ele;

Se ele fica bebo e dorme,

Num tem talvez nem conforme,

Vou rodar com a mulé dele.


(Clara Nunes — Autor: Luiz Bandeira)

Disco: "Brasil mestiço" — 1980 — EMI-ODEON — 062 421207.

Foto: Internet .

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Vermelho e branco: letra — Música de Clara Nunes


Deixo a saudade crescer, 

Viola em punho,

E com papel de rascunho

Pra escrever. 


Vem caindo a tarde lentamente,

Finalmente vem a inspiração;

Nasce o Luar entre as cores do poente

E, de repente,  eu descubro, com prazer,

Que o vermelho e branco,

Cores do Salgueiro, 

No céu surgem primeiro 

Ao anoitecer.


Paulo da Viola, não me queira mal;

Não há, nem pode haver escola igual! (Oh, não).


(Clara Nunes — Autores: César Costa Filho/Aldir Blanc)

Disco: " Clara Nunes" — 1971 — Odeon — MOFB 3667

Foto: Internet.

domingo, 27 de junho de 2021

Vendedor de caranguejo: letra — Música de Clara Nunes


Caranguejo sá, olho gordo, guaiamum, 
Quem quiser comprar a mim
Cada corda de dez, eu dou mais um 
Eu dou mais um, eu dou mais um;
Cada corda de dez, eu dou mais um.



Caranguejo sá, caranguejo sá, 
Apanho ele na lama 
E trago no meu caçuá.

Eu perdi a mocidade
Com os "pé" sujo de lama,
Eu fiquei analfabeto, 
Mas meus "fio" criou fama.

Pelo gosto do menino, pelo gosto da "mulé"
Eu já ia descansar;
Não sujava mais os "pé".
Os bichinhos "tão" criado,
Satisfiz o meu desejo,
Eu podia descansar,
Mas continuo vendendo caranguejo.

Caranguejo sá, caranguejo sá,
Apanho ele na lama
E trago no meu caçuá.

Tem caranguejo, tem, gordo e guaiamum,
Cada corda de dez, eu dou mais um,
Eu dou mais um, eu dou mais um,
Cada corda de dez, eu dou mais um. 

Caranguejo sá, caranguejo sá, 
Apanho ele na lama 
E trago no meu caçuá.


(ClaraNunes — Autor: Gordurinha)
Disco: "Clara Clarice Clara" — 1972 — Odeon — MOFB — 3709.
Foto: Internet. 

domingo, 20 de junho de 2021

Vapor de São Francisco: letra — Música de Clara Nunes


Ela disse que eu não vou,

Mas eu vou no vapor São Francisco.





No mar eu descanso, no porto eu me arrisco

No vapor de São Francisco.

A noite é uma nuvem, o dia, um corisco

No vapor de São Francisco.

O mundo é uma volta, e a vida é um risco 

No vapor de São Francisco.


Ela disse que eu não vou,

Mas eu vou no vapor de São Francisco.


Vou no meio da corrente, 

Escapando do perigo;

Meu destino está na frente 

Do lugar aonde eu sigo.

Não tenho medo da chuva

Que já terminou tanta viagem;

Minha mãe morreu viúva 

Depois que me deu sua coragem.


Ela disse que eu não vou,

Mas eu vou no vapor de São Francisco.


O mar é dolente, e o vento é arisco

No vapor de São Francisco.

A história da gente parece um rabisco 

No vapor de São Francisco.

No meio do medo eu não tremo nem pisco

No vapor de São Francisco.


Ela disse que eu não vou,

Mas eu vou no vapor de São Francisco.


Quando a Lua vem surgindo

Pra enfeitar a solidão,

O vapor já vai partindo

Sem levar meu coração.

Vou pela beira do mundo,

Fugindo de toda cidade;

Não existe rio fundo

Pra caber minha saudade.


(Clara Nunes — Autores: Toninho Nascimento/Romildo)

Disco: " Nação" — 1982 — EMI-ODEON — 062 421236

Foto: Internet.